sábado, 7 de julho de 2007

A memória das ruas
João Tiago S. F.

Preocupa-me perder memória das ruas, dos passeios em que dançámos e as esquinas em que sorrias. E essas ruas, perderam-se pela cidade à nossa procura. Não quero que te esqueças das noites limpas, do céu doce, da manhã fria em cobertores finos, inúteis por nos termos, ridículos por lá estarem.
E essas noites, porque é que já as roubámos? Esse olhar terno de quem vê suspiros de corpos. Este ar que dói, que me faz acordar cansado. E os corpos, que já são só imagens. E as palavras com que eu nos tocava e nós, e o vinho e nós e a sala, a cinza, a luz doente do dia e nós. E as mãos, as minhas que são estradas sem regresso de onde os teus dedos fugiram.


Samuel Velho

4 comentários:

a carne do meu coração disse...

"...descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo..."

Era o mínimo depois de todo aquele... Egoísmo...hehe.

Muito, muito bonito...de ficar com a lagrimita ao canto do olho (em bom, claro)...*

Aeternium disse...

gosto especialmente que este post tenha sido feito neste dia...

o acordar é constante passado de outra vida que não ficou apagada... e que já não pertence aqui...

abraços para ambos

Andreia disse...

o que temos parece que vem sempre acompanhado de medo…

Sara Manso disse...
Este comentário foi removido pelo autor.